O ano passado foi marcado por um movimento de alta de juros conduzido pelo banco central americano, levando a taxa básica dos EUA para 4,75%, o nível mais alto em quase duas décadas. Essa mudança na política monetária tem gerado oportunidades interessantes para investidores, especialmente no mercado de títulos de dívida.
No atual cenário, é possível contratar taxas pré-fixadas para os títulos de dívida entre 5% a 10% ao ano em dólar, dependendo do emissor e do vencimento. Essas taxas são significativamente mais altas do que aquelas oferecidas no início de 2022, que giravam em torno de 1% a 4%.
Em comparação, a bolsa americana historicamente entregou um retorno anualizado de 6,5% desde o começo do século, tornando-se um dos melhores ativos do mundo a longo prazo. No entanto, atualmente é possível obter retornos semelhantes em renda fixa, com previsibilidade e conservadorismo, ao se expor a dívidas de conglomerados internacionais.
Os gestores de investimento têm uma visão otimista sobre os títulos de renda fixa americana nos EUA, principalmente porque muitos economistas esperam uma recessão nos próximos 12 meses.
Historicamente, durante períodos de recessão, os títulos de renda fixa americana têm apresentado a melhor performance.
De acordo com o artigo da Bloomberg, o gerente de patrimônio do UBS Group AG, um banco suíço, identificou uma “oportunidade única em uma década” no mercado de crédito devido ao atual cenário. Por outro lado, os estrategistas do Bank of America estão prevendo um retorno total de 9% para a dívida de empresas americanas de alto grau (high grade) neste ano, principalmente devido à valorização do preço e aos juros.
Um comparativo histórico de retorno é apresentado na imagem abaixo, demonstrando uma dívida emitida por uma empresa brasileira no mercado de renda fixa americana (U$D + 6,5%) em comparação com uma dívida do mesmo emissor emitida no mercado de renda fixa doméstico (IPCA + 6% / CDI + 3%).
Nos últimos 10 anos, a opção em dólar com taxa de 6,5% ofereceu quase o dobro de retorno em comparação com seus equivalentes domésticos. Essa análise reforça a tese de que manter o capital em uma moeda forte como o dólar, com as taxas atuais, é praticamente imbatível a longo prazo.
Dainte disso e conforme dados da XP, a previsão para o cenário de 2023 é que o dólar atinja o valor de R$ 5,30 no final do ano.
Considerando a cotação atual, que está em torno de R$ 5,10, isso representa uma valorização de 3,9% na taxa de câmbio.
A análise dos parâmetros históricos sugere que essa valorização pode ser ainda maior a longo prazo.
À medida que a demanda agregada se contrai e a inflação é contida, o banco central geralmente reduz as taxas de juros, o que pode resultar em ágio no preço dos títulos. Isso significa que os investidores podem vender esses títulos antes do vencimento a um preço superior ao valor pelo qual foram adquiridos.
No entanto, é importante ressaltar que essa janela de oportunidade pode não se estender por muito tempo. Com o início do ciclo de corte de juros pelo Federal Reserve (banco central americano), é provável que as taxas de renda fixa sejam afetadas. Portanto, é essencial agir rapidamente para aproveitar as condições favoráveis que o mercado está oferecendo.
Em resumo, os investimentos em títulos de renda fixa nos EUA têm se mostrado altamente atrativos, dada a taxa pré-fixada e a possibilidade de retorno significativo durante uma recessão econômica. No entanto, é fundamental monitorar as mudanças nas políticas monetárias e agir com prontidão para tirar o máximo proveito dessa oportunidade única.